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MATÉRIAS SOBRE SÃO PAULO


Todos para a praia. E mais rápido !

 

Jorge Tadeu da Silva

Esperada por mais de 25 anos, a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes foi inaugurada em 17 de dezembro de 2002. A pista descendente é o mais importante e complexo projeto de engenharia rodoviária realizado neste início de século na América do Sul. Por quatro anos e três meses, mais de 4.500 homens e mulheres trabalharam 24 horas por dia e conseguiram entregar a obra cinco meses antes do prazo contratual.

O investimento de US$ 300 milhões impressiona não só por suas arrojadas e inéditas soluções tecnológicas, mas igualmente pelas sofisticadas práticas de gestão ambiental empregadas para proteger a Mata Atlântica, a segunda floresta mais ameaçada do planeta. Da vegetação nativa que cobria 13% do território brasileiro quando da chegada dos portugueses, à época do descobrimento, restam hoje pouco mais de 7% da área original. 

O novo trecho inicia-se na região de planalto, no Km 41 da rodovia já existente desde 1976, próximo à Interligação com a Via Anchieta. São 23,23 quilômetros que vencem um declive de 730 metros da Serra do Mar, até o Km 62, já nos mangues da Baixada Santista.

Na região de serra, são 11,48 quilômetros, mais 2,11 quilômetros na baixada e 1,65 quilômetros de alças e viadutos, complementados por um trecho de 3 quilômetros que termina em um viaduto estaiado (sustentado por cabos). 

O projeto original, de 1986, foi modificado para atender a todas as exigências ambientais que haviam evoluído e se tornado mais rígidas em 12 anos. Duas alterações fundamentais foram propostas. A primeira delas, ter a maior parte possível do trajeto em túneis, que reduzem a necessidade de supressão vegetal. A segunda, diminuir o traçado em viadutos e ampliar ao máximo as distâncias entre os seus pilares.

Isto significou construir três túneis. O mais extenso deles, o Túnel Descendente 1 (TD 1), com 3.146 metros, é o maior túnel rodoviário do Brasil. O TD 3 é muito pouco menor: tem 3.005 metros. E o TD 2, com 2.080 metros complementa os 8,23 quilômetros abertos no interior da Serra do Mar. 

Quatro equipamentos de perfuração computadorizados - os chamados jumbos - foram importados especialmente para a obra e são os únicos hoje existentes no país. São máquinas de escavação que se locomovem sobre pneus e possuem quatro "braços": três perfuratrizes e uma caçamba de serviço.

A atuação dos jumbos era uma verdadeira operação de guerra. Para cada 480 metros cúbicos de rocha removidos, empregava-se mil quilos de explosivos. O material era introduzido na rocha com base no "plano de fogo", um mapeamento prévio feito pelos técnicos e gravado em disquete. As informações eram interpretadas pelo computador do equipamento, orientando o trabalho do operador, que se utilizava de um joy stick semelhante aos dos videogames. E o posicionamento das máquinas no interior dos túneis era feito com o auxílio de raios laser. 

Cada um dos túneis têm três faixas de rolamento, com uma faixa de segurança, e cerca de 11 metros de altura, em média. São dotados de baias de emergência, com 60 metros de comprimento, para receber veículos em pane, sem que prejudiquem o fluxo do tráfego. São oito baias, ou uma a cada quilômetro, aproximadamente.

A Pista Descendente tem 4,27 quilômetros de viadutos, seis deles no trecho de serra. O planejamento logístico para sua construção foi elaborado com o propósito de reduzir a necessidade de abrir trilhas e clareiras na mata. Homens, equipamentos e materiais eram transportados por guindastes (gruas) até o local onde seriam construídos os pilares. Nada ao redor era afetado. Parecia que os pilares brotavam em meio à vegetação. 

Em todo o trajeto, usou-se pavimento rígido de concreto, de maior resistência ao desgaste em relação ao pavimento flexível asfáltico, o que irá reduzir a necessidade de manutenção e, conseqüentemente, de obras que prejudicam o tráfego.

Para executar a obra, a concessionária ECOVIAS contou com a experiência do Consórcio Imigrantes, formado pelas construtoras CR Almeida, do Brasil, e a Impregilo, da Itália.

Com o futuro alargamento das vias de acesso aos diversos municípios da baixada santista, principalmente para o Guarujá e Praia Grande, os paulistas verão definitivamente o fim dos intermináveis congestionamentos que os afligem nos feriados e períodos de férias.

Janeiro / 2003
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