Teatro Municipal de São
Paulo
Jorge Tadeu da Silva
Com a queda da borracha, o
circuito internacional de música no Brasil migra para o sudeste brasileiro
pelas mãos dos barões do café. A capital paulista, com a construção do
Theatro Municipal, pôde apreciar o que de notório acontecia no universo
artístico europeu e norte-americano. Criado, sobretudo, para atender à
Ópera – haja vista a colônia emergente de italianos em São Paulo – foi
idealizado desde 1895 com o objetivo de ser uma casa teatral com
características similares às melhores do mundo. Com a aprovação na Câmara
Municipal em 1903, o Prefeito Antônio Prado pôde lançar a pedra
fundamental no terreno desapropriado do Morro do Chá.
Assim, inaugurado em 12 de setembro de 1911
com a Ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas, dá-se início a um novo estágio na
vida cultural paulistana. Sua construção, a cargo do escritório de
Francisco Ramos de Azevedo, contou com a colaboração dos arquitetos
italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. A equipe, que durante nove anos
consecutivos dedicou-se ao projeto e ao gerenciamento das obras,
estabeleceu contato junto às principais empresas do mundo, trazendo a São
Paulo um ilimitado número de elementos decorativos, ainda hoje presentes
em sua arquitetura.
A sua memória guarda a
passagem de legendários nomes deste século, como Caruso, Callas, Ruffo,
Schipa, Bidu Saião, Olenewa, Nijinski, Toscanini, Alonso, Pavlowa,
Rubisntein, Gigli, Guiomar Novaes, Ducan, Tagliaferro e Fonteyn, como
também a presença das personalidades que organizaram, em 1922, a Semana de
Arte Moderna. Atualmente, mantendo a tradição, celebridades como Caballé,
Marton, Carreras, Gades, Kissin e Ramey têm se apresentado em seu palco,
assim como os principais balés e orquestras mundiais.
Se no passado o público paulistano somente
contentava-se com a vinda de personalidades internacionais, hoje o
panorama é outro. Através do trabalho dos Corpos Estáveis do Theatro
Municipal, tem-se formado um novo staff de artistas nacionais,
reconhecidos pela crítica e pelo público. Um considerável número de
talentos é revelado a cada ano, devido à linha de direção que vem sendo
adotada em sua programação.
Para que os espetáculos
ocorram em maior número e qualidade, o Theatro sempre se manteve
organizado em sua infra-estrutura. Os implementos técnicos na caixa cênica
e as diversas adaptações arquitetônicas realizadas nos anos 50 e 80
refletem as necessidades de mudança condizentes com o seu tempo.
Em 1951 o Theatro sofreu radical
modernização, coordenada pelo arquiteto Tito Raucht. Novos pavimentos
foram criados na área dos camarins, ampliando sua capacidade de
acomodação. Na sala de espetáculos suprimiram-se os camarotes em todas as
ordens e apenas 11 foram mantidos. Toda a área restante foi transformada
em balcões. Os camarotes originais de autoridade – prefeito e governador –
foram transferidos do proscênio, dando lugar à instalação do órgão
Tamburini. A reforma de 1986/1991, sob a responsabilidade do Patrimônio
Histórico do Município, atualizou sua estrutura. Além da restauração de
elementos decorativos internos e externos, modernos equipamentos de palco
foram instalados.
O Theatro Municipal de São
Paulo possui hoje um grande potencial cenotécnico, que lhe permite
realizar os mais variados eventos nos gêneros ópera, balé, orquestra e
teatro.
Teatro Municipal de São Paulo Praça. Ramos de
Azevedo, s/n – Centro – (11) 222-8698
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