Bastante visitado neste mês
de setembro, o Museu Paulista da Universidade de São Paulo – USP – também
conhecido como Museu do Ipiranga, foi inaugurado em 1895.
Possui preciosidades do
período imperial, como armas, objetos, jóias e indumentárias de grandes
personagens da história paulista. Seu vasto acervo contém ainda
mobiliário, pinturas, porcelanas, filatelia, numismática e importante
biblioteca com documentação histórica da época da independência do Brasil,
além de utensílios de bandeirantes e índios. A construção requintada em
estilo neoclássico em meio ao amplo Parque da Independência dá ao Museu do
Ipiranga o aspecto de um palácio europeu.
O que pouco se sabe são as
vinculações entre o Museu do Ipiranga e as práticas comemorativas que
cercam a independência do Brasil.
Ao contrário
daquilo que freqüentemente se imagina, a proclamação do príncipe D. Pedro,
na colina do Ipiranga e às margens do riacho do mesmo nome, não teve
repercussão no momento de sua ocorrência. Além de não merecer acolhida
especial da parte dos inúmeros e atuantes jornais que circulavam na Corte
do Rio de Janeiro e em várias outras regiões do então Reino do Brasil, a
ela também não se referiram os membros do governo da Regência e tampouco
foi àquela época interpretada como baliza definidora do curso da
história.
Nem mesmo D. Pedro na Carta dirigida aos
paulistas, datada de 8 de setembro, deixou registros específicos a
respeito do episódio do dia anterior.
No documento, a expressão
“Independência ou morte”, longe de referenciar um evento memorável ou uma
situação consumada e irreversível, apresentava o caráter de palavra de
ordem e sua contundência estava entrelaçada muito mais à possibilidade
efetiva, naquela ocasião, da deflagração de uma guerra civil que a uma
decisão que determinava um suposto desfecho para circunstâncias tão
nuançadas quanto aquelas. Isso evidencia, conforme tem sugerido a mais
recente produção historiográfica sobre o tema, que, em fins de 1822, as
condições políticas e os enfrentamentos sociais estavam encaixados com
questões, debates e lutas armadas cuja complexidade e amplitude superam
tanto a consagrada controvérsia entre as cortes em Lisboa e o governo
sediado no Rio de Janeiro quanto à recortada discussão em torno da união
ou da separação em relação a Portugal.
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