Com muita facilidade encontra-se
um traficante oferecendo comprimidos de ecstasy nas típicas megafestas
paulistanas. Pagando-se entre R$ 25 e R$ 50 os freqüentadores têm acesso a
esse estimulante perigoso, cujo uso pode causar depressão, distúrbios de
pânico e mais uma série de graves riscos ao longo da vida.
Longe dos riscos das chamadas bocas-de-fumo
na periferia, procuradas por consumidores de maconha ou cocaína, o ecstasy
(ou simplesmente “E”) está cada vez mais barato e mais fácil de ser
encontrado em festas, danceterias e bares de São Paulo. Comprimidos do
tamanho de uma aspirina – estampados com carinhas felizes, animais, grifes
famosas e personagens de quadrinhos – transformaram-se em combustível de
muitos baladeiros e fonte de renda para os “traficantes playboys”, como a
polícia costuma chamá-los.
Curiosamente,
o perfil dos traficantes e dos usuários é o mesmo. Em 90% dos casos, são
jovens de classe média alta, nível universitário, que moram com os pais e
têm entre 18 e 25 anos. São paulistanos que nunca entraram em uma
delegacia e muito menos imaginam que podem correr o risco de passar de
três a 15 anos em uma cela por tráfico de drogas.
A febre do ecstasy começou em São Paulo com
o surgimento da cultura clubber na década de 90. Os comprimidos vinham na
bagagem de DJs e promotores de eventos que voltavam da Europa.
O ecstasy
é fabricado na Inglaterra, França, Bélgica, Espanha e em países do Leste
Europeu. Um comprimido custa 40 centavos de dólar para ser produzido.
Quadrilhas com base em São Paulo contratam jovens de classe média para
trabalhar como “mulas”. Eles ganham até R$ 7 mil para buscar a droga no
exterior. Para dificultar a ação dos detectores nos aeroportos, o
transporte do ecstasy costuma ser feito em malas fabricadas com fibra de
carbono. Outra maneira de importar o entorpecente é via internet. Sites
com base na Ilhas Maurício e em outros paraísos fiscais vendem pacotes com
100 comprimidos por R$ 2 mil. É possível pagar com qualquer cartão de
crédito. O ecstasy chega via correio em pacotes pequenos, embalado em
papel-carbono para despistar a polícia ou dentro de bolas de tênis. A
negociação pode ser feita de diversas formas: sites, salas de bate-papo ou
comunicadores instantâneos. Uma vez na cidade, a droga é distribuída nas
danceterias e raves.
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