Rum: cubano ou
capitalista?
Jorge Tadeu da
Silva
Ninguém sabe ao
certo onde o rum nasceu, nem quando. Sabe-se, porém, que ele foi o
combustível da era dos descobrimentos. Os relatos das grandes
expedições estão cercados de rum. Tanto nos navios piratas quanto
nos ibéricos de Cabral e Colombo e nos ingleses, a bebida era
provimento obrigatório. Atribui-se a isto o fato de o rum ser
fabricado e consumido hoje em todo o mundo, até mesmo em países nem
um pouco propícios ao plantio da cana de açúcar, sua matéria-prima,
como é o caso da Alemanha.
A bebida também
é a predileta dos australianos, mas quando se fala em rum,
obrigatório mesmo é mencionar o Caribe. Cuba, Jamaica, Bahamas,
Barbados, Porto Rico e Martinica estão entre os maiores e melhores
produtores, mas é inegável que o rum cubano é o de maior
tradição.
É
na ilha governada por Fidel Castro, que se produz o Havana Club, a
marca estatal e única do país, um dos símbolos da revolução. Sim,
porque na Cuba pré-Fidel o rum que lá se produzia chamava-se
Bacardi, nome da família do patriarca espanhol Don Facundo Bacardi,
que em 1830 emigrou para ilha e em 1862 fundou a sua primeira
destilaria, em Santiago de Cuba. Noventa e oito anos depois, quando
a marca já gozava de considerável apreciação internacional,
sobretudo dos norte-americanos, a revolução popular confiscou a
fábrica dos herdeiros de Don Facundo. A família deixou Cuba para
ganhar o mundo, inclusive o Brasil, um dos primeiros países em que a
empresa se alojou depois do confisco, ainda nos anos 60.
Por
conta da guerra ideológica entre Cuba e os Estados Unidos, a
acolhida do rum Bacardi em Miami e Nova Iorque foi calorosa e o
repúdio dos simpatizantes de Fidel, implacável. Há quem defenda a
superioridade do rum Bacardi sobre Havana Club com arma em punho.
Assim como os que dizem que o rum Bacardi é xixi.
Mas os
verdadeiros apreciadores consideram que os cubanos ainda detém a
primazia do melhor rum, ressalvando que o da família Bacardi,
sobretudo a que é fabricada em Bahamas, é de excelente qualidade e
não deixa nada a dever na composição de uma Cuba Libre, um Mojito,
um Daiquiri ou uma Pina Colada – todos drinks clássicos no mundo
inteiro e tendo por base o rum, numa prova indiscutível de
popularidade da bebida.
Há ainda os que
prefiram beber o rum puro e para estes vem sendo cada vez mais
ampliada a oferta de runs envelhecidos em carvalho, a semelhança dos
uísques. Nesse ponto, merece destaque a excelência dos jamaicanos,
que fazem um rum envelhecido suave e agradabilíssimo. É por isso que
muita gente não troca um bom rum oito anos por dois scotch
12.
Aqui no Brasil,
como primo-irmão da nossa cachaça, o rum, produzido a partir do
melaço da cana, rende uma infinidade de drinques, além dos clássicos
cuba-libre, piña colada, daiquiri e mojito. Conheça duas receitas
brasileiras que venceram o Festival de Drinques Tropicais à base de
rum, realizado em São Paulo neste ano.
1º Lugar RAIO DE
SOL Ingredientes * 4,5 colheres
de rum * 5 colheres de licor de frutilla * 4,5 colheres de
suco de pêssego * Gotas de menta * Guaraná * Gelo *
Melão, casca de laranja, cereja e galho de
hortelã Preparo Bata no liqüidificador o rum, o licor
de frutilla, o suco de pêssego e algumas pedras de gelo. Passe o
conteúdo para um copo, complete com o guaraná e adicione as gotas de
menta.
2º
Lugar LEMON
PIE Ingredientes * 3 colheres de
vodca * 1 colher de licor de pêssego * 2 colheres de leite
condensado * 4 gotas de limão * Gotas de granadina
(groselha) * 1 picolé de sorvete de limão * Gelo * Cereja,
galho de hortelã e melão Preparo Bata tudo no
liqüidificador com algumas pedras de gelo. Adicione as gotas de
granadina. Para decorar, cereja, galho de hortelã e
melão.
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