A história do
vinho no Brasil
Jorge Tadeu
da Silva
As primeiras
videiras do Brasil foram trazidas pela expedição colonizadora de
Martim Afonso de Souza, em 1532. Brás Cubas, fundador da cidade de
Santos, é, reconhecidamente, o primeiro a cultivar a vinha em nossas
terras. Em meados do século XVII aparece o primeiro registro
histórico de cultivo da vinha no Rio Grande do Sul, associado à
fundação das primeiras missões jesuíticas no sul do país, por
missionários vindos da Argentina. Embora houvesse necessidade da
produção de vinho para utilização na missa, a dificuldade de
adaptação de variedades viníferas em nossas terras impediu a
disseminação da vitivinicultura no Brasil.
Essa situação
principiou a se alterar no século XVIII quando da fundação de Porto
Alegre por açoreanos. Em 1813, D. João VI reconhece oficialmente a
primazia de Manoel de Macedo Brum da Silveira no plantio de videiras
e produção de vinho no Rio Grande.
Em 1840, a
introdução da variedade americana Isabel, por Thomas Master, na ilha
dos Marinheiros, foi sucedida de grande sucesso. Sua resistência e
rusticidade fizeram que ela se implantasse preferencialmente na
região em detrimento das cepas viníferas, mais frágeis. A uva Isabel
foi-se disseminando nas áreas de colonização alemã, como São
Leopoldo.
As guerras de unificação da Itália provocaram a vinda
maciça de imigrantes vênetos para a Serra Gaúcha. Novamente os
bacelos de cepas viníferas, por eles trazidos, não medraram e os
colonos foram se habituando ao sabor estranho do vinho foxado
produzido pelas uvas Isabel que gradativamente tornou-se o padrão da
região, onde ainda é muito apreciado.
Há algumas
décadas a preocupação com a melhoria de qualidade e a melhoria das
técnicas agronômicas fizeram com que, novamente, se iniciasse o
plantio de variedades viníferas. A partir de 1970, vinícolas
multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini & Rossi e a
Heublein estabeleceram-se na Serra Gaúcha trazendo equipamentos de
alta tecnologia e técnicas viticulturais modernas. Essas empresas
implementaram, também, junto aos calouros da Serra, um programa de
estímulo à modificação do sistema de plantio, passando da latada à
espaldeira. Estimularam, igualmente, a produção de cepas viníferas.
Essas medidas tiveram como conseqüência um grande salto qualitativo
no vinho brasileiro que hoje, a despeito das dificuldades de solo e
clima, ostenta padrão internacional de qualidade.
Vinhos
Importados – Principais Regiões Produtoras
França: Bordeaux,
Bourgogne, Rhône, Alsace, Loire, Sul da França, Champagne.
Itália: Piemonte,
Veneto, Outras Regiões do Norte, Toscana, Outras Regiões do Centro,
Sul da Itália.
Portugal: Alenquer,
Alentejo, Bairrada, Douro, Dão, Minho, Ribatejo, Setúbal,
Porto.
Espanha: Ribeira del
Duero, Rioja, Priorat e outras da Catalunha, Navarra, Rias Baixas
(Galícia), Jerez.
Outros países
produtores: Alemanha,
Áustria, Hungria, Líbano, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia,
África do Sul, Argentina e Chile.
Livros
especializados para quem aprecia um bom vinho
Tintos e
Brancos, de Saul Galvão (Editora Ática) Livro completo
sobre vinhos, escrito pelo jornalista Saul Galvão. Ensina o básico
sobre o vinho, as uvas, a elaboração e a degustação e dá descrições
detalhadas de todas as regiões produtoras do mundo. Acompanha um
útil guia do consumidor, com avaliações dos principais vinhos
encontrados no mercado brasileiro.
O Vinho - Atlas
Mundial de Vinhos e Aguardentes, de Hugh Johnson
(Siciliano) Escrito pelo
reputado jornalista inglês Hugh Johnson, talvez a autoridade mais
respeitada em vinhos no mundo, este atlas mostra e descreve a fundo
cada região produtora (até as mais improváveis, como Inglaterra e
País de Gales). Contém também uma boa introdução ao mundo do vinho.
Já se tornou um clássico, assim como os demais livros deste
escritor.
Como apreciar
vinhos, de Hugh Johnson (Ediouro) Hugh Johnson dá
dicas para iniciantes no mundo do vinho, orientando-o para que ele
possa tirar o melhor proveito possível desta maravilhosa
bebida.
A História do
Vinho, de Hugh Johnson (Companhia das Letras) Hugh Johnson nos
leva a uma fascinante história do mundo do vinho, desde os
primórdios e a Antigüidade até os dias de hoje. Com seu senso de
humor apurado e sua precisão histórica, o autor faz da leitura do
livro uma atividade informativa e extremamente prazerosa.
Manual
Enciclopédico do Vinho, de Stuart Walton (Editorial
Estampa) O jornalista da
revista inglesa Wine explica os pontos básicos do vinho e dá
descrições detalhadas das principais castas e regiões produtoras.
Muito bem escrito, a diagramação também é ótima. A edição é de
Portugal.
A Cozinha e seus Vinhos – Receitas rápidas com muita
classe (Saul Galvão)
Vinhos importados em destaque no
momento (preço médio em dólar nas lojas) :
Chablis Recolté du Domaine 97 (Joseph Drouhin)
US$26,50 A apelação
Chablis dispensa apresentações, assim como o extraordinário produtor
borgonhês Joseph Drouhin. Um branco elegante e austero de uma das
mais famosas apelações da Borgonha, exclusivamente de uvas
pertencentes ao produtor, cuja safra de 1997 já está ótima para ser
bebida.
Esperto Merlot 96 (Livio Felluga) US$22,00 Um vinho
redondo, frutado e com ótima concentração, muito agradável em todas
as ocasiões. É produzido pelo extraordinário produtor friulano Lívio
Felluga. Uma excelente descoberta!
Quinta de Pancas Cabernet Sauvignon 96 US$19,50 Quinta de
Pancas é o melhor produtor do Alenquer, que tem como enólogo o
famoso João Portugal Ramos. Um tinto fino, elegante e bem
estruturado, que tem recebido inúmeros elogios da imprensa
especializada.
Vin de Pays de l1Hérault 98 (Schröeder & Schÿler)
US$7,50 Um vinho de
ótima relação custo x benefício produzido pela casa bordelesa
Schröeder & Schÿler, proprietária do famoso Château Kirwan.
Elaborado no Pays de l1Héraul, no Languedoc-Rousillon.
Experimente!
Rawson1s Retreat Cabernet
Sauvignon/Shiraz/Ruby Cabernet 96 (Penfolds) US$ 17,00 Um novo
vinho deste que é o melhor produtor da Austrália, bastante
concentrado e exuberante, com o equilíbrio e a elegância que
caracterizam todos os vinhos da Penfolds. Excelente relação
qualidade x preço!
Altos Las Hormigas Malbec 99 US$15,50 Uma nova
vinícola argentina que deverá receber inúmeros elogios da imprensa
especializada. Apresenta grande concentração de fruta, corpo,
riqueza e complexidade. Aqueles que lembram da apresentação
entusiasmada que fizemos do Catena podem esperar nada menos que o
mesmo sucesso para o Las Hormigas.
Pol Roger Brut US$49,00 O “Champagne
dos especialistas”, o preferido dos críticos ingleses, eleito também
muitas vezes "o melhor Brut" pela revista Wine Spectator. Um
excelente Champagne, ótimo para as festas de fim de ano ou
simplesmente para comemorar as belezas da vida.
Prosecco di Valdobbiadene Brut (Adami) US$ 18,00 Outra ótima
opção para o fim do milênio, o Prosecco é o espumante mais consumido
na Itália, leve e refrescante. Adriano Adami é um excelente produtor
com vinhedos nas melhores localizações da região. Experimente!
DICA
Compatibilização entre vinhos e
pratos
O conhecimento
isolado de vinhos e de pratos nem sempre é suficiente para que, na
prática, num almoço ou jantar, se obtenha a harmonia necessária para
que ambos se valorizem. A escolha errada do vinho normalmente
compromete um bom prato, pois ambos podem não ser compatíveis. A
escolha aleatória dificilmente é a certa e, para acertar, é
necessário o conhecimento de algumas regras básicas. A teoria do
“beber o vinho que você gosta com o prato que você gosta” esconde
com certeza a falta de experiência de quem a adota. Isto é o
equivalente a beber qualquer vinho com qualquer prato. Não há nada
mais desagradável que uma combinação infeliz, às vezes até
prejudicando vinhos caros e pratos requintados.
O conceito de
“peixes com brancos e carnes com tintos” não deve ser aceito
rigidamente, pois há casos exatamente contrários. Por outro lado,
existe também uma variedade muito grande de tipos e qualidades de
vinhos a considerar, como brancos, tintos, rosados, leves, médios,
pesados, aromáticos, espumantes, secos e doces. Outras
características dos vinhos que afetam a harmonia com pratos são os
taninos, a acidez, o álcool e a temperatura.
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