Moulin Rouge - Amor em
Vermelho
(Moulin Rouge,
EUA, 2001)
Jorge Tadeu da Silva
Moulin Rouge é
daqueles filmes que provocam reações radicais, do tipo “adorei” ou
“odiei”. Alguns o adorarão com verdadeira paixão, quase tão intensa
quanto alguns o acharão histérico, exagerado, irritante,
excessivamente editado e equivocado.
Dirigido pelo
australiano Baz Luhrmann, o filme gira em torno do intenso caso de
amor entre Christian, um pobre escritor, e Satine, a mais bela
cortesã do Moulin Rouge, célebre cabaré francês que marcou época
graças ao ecletismo de sua clientela, que incluía membros das mais
diferentes classes sociais e culturais.
Depois de se
conhecer graças à intervenção do extravagante pintor
Toulouse-Lautrec, o casal se entrega a uma paixão proibida – Satine
está ‘prometida’ a um Duque que investirá no mais grandioso show do
cabaré (o que finalmente a transformará em atriz, e não apenas
dançarina), e Christian é justamente o responsável pelo roteiro da
produção (ele ganha o emprego depois de ‘compor’ a música-tema de A
Noviça Rebelde).
À medida em que os ensaios vão se adiantando, fantasia e
realidade se misturam e as complicações no envolvimento entre os
jovens apaixonados acabam sendo transpostas para o roteiro do
espetáculo.
Apesar da
fragilidade e obviedade da trama, Luhrmann consegue imprimir um
outro nível ao filme graças à energia com que conta sua história.
Além dos imaginativos movimentos de câmera, o cineasta raramente
deixa uma cena transcorrer sem inúmeros cortes e, apesar da rapidez
desses movimentos, Moulin Rouge jamais se torna confuso ou
cansativo. Os cenários e os figurinos são maravilhosos e criam um
universo fascinante, mítico.
Enquanto isso, a
excelente trilha sonora contribui para conferir um clima atemporal
ao Moulin Rouge, já que insere músicas contemporâneas em uma
narrativa que se passa na virada do século XIX para o XX. Algumas
canções são reinventadas, como a versão ‘tango’ de Roxanne e o
medley que associa All You Need Is Love, dos Beatles, a I’ll Always
Love You, de Whitney Houston. O resultado, por incrível que pareça,
ficou muito bom, uma bela sacada que deverá render bons lucros na
venda do CD do filme.
Com relação às atuações, Nicole Kidman, por exemplo,
realiza aqui talvez o melhor trabalho de sua carreira, criando uma
Satine igualmente sedutora e vulnerável. Ewan McGregor, por sua vez,
comove com seu amor sofrido, enquanto John Leguizamo prova ser um
dos atores mais interessantes de sua geração. Para encerrar, também
merecem destaque os desempenhos de Richard Roxburgh, como o cruel
Duque de Monroth, e de Jim Broadbent, como o interesseiro dono do
Moulin Rouge.
Com certeza,
disputará em diversas categorias o Oscar 2002, com destaque para a
Direção de Arte/Cenografia, Fotografia, Edição, Figurinos e Direção
e, quem sabe, a Melhor Filme, Atriz e Ator Coadjuvante para Jim
Broadbent.
Como eu, muitos
que não são fãs de musicais, é bastante provável que venham a
sentir-se enfadados em função do tom fantasioso da narrativa ou do
comportamento ilógico de alguns personagens, porém, aconselho: vá ao
cinema disposto(a) a se entregar aos delírios visuais de Moulin
Rouge. Você pode até não se apaixonar pelo filme, mas certamente
sentirá, ao fim da projeção, que acabou de passar por uma
experiência inovadora, que presenciou um projeto original e
ambicioso.
Ficha
Técnica: Moulin Rouge -
Amor em Vermelho (Moulin Rouge,
EUA, 2001) Gênero: Musical Duração: 120 min Distribuidora:
Fox Produtora: Bazmark Films Elenco: Nicole Kidman, Ewan
McGregor, John Leguizamo,
Jim Broadbent, Richard Roxburgh. Roteiristas:
Baz Luhrmann, Craig Pearce Diretor: Baz
Luhrmann
|