Em Guerra dos Mundos, Steven
Spielberg reúne imagens computadorizadas e ferramentas cinematográficas de
vanguarda para criar cenas espantosas de destruição, caos e terror.
Explorando
o lado sombrio de seus filmes de ficção científica, Spielberg faz plena
justiça à mais notória de todas as histórias sobre invasões alienígenas, o
romance ainda apavorante de H.G. Wells, lançado em 1898.
A maioria dos filmes de ação
desde os atentados de 11 de setembro trata ou de personagens de quadrinhos
ou de batalhas históricas ou de civilizações da antiguidade. Guerra dos
Mundos,
estrelado por Tom Cruise, talvez seja realista até demais, mas
também é entretenimento extraordinário.
O diretor e os roteiristas
optaram por relatar a invasão pelos olhos do personagem de Tom Cruise, Ray
Ferrier, um sujeito trabalhador que não tem plano de ação nenhum, exceto
proteger seus filhos. A história é um drama sobre três personagens que
vêem o mundo literalmente desabando a sua volta.
O que espanta é como esse desabamento se
dá. Em um momento, um avião mergulha na terra, mas só vemos a situação
desesperadora que se segue, já que os protagonistas da história se
esconderam num porão perto do local do desastre.
Em outro momento, um trem
passa por uma multidão em fuga, com os vagões consumidos por chamas. Uma
barca é virada para o alto pelos alienígenas, derrubando pessoas e carros
na água escura.
Foram conservados vários
elementos-chave do livro de H.G. Wells. Uma narrativa inicial, feita na
voz grave de Morgan Freeman, ecoa o tom sombrio das frases iniciais do
livro de Wells, dizendo que, nos primeiros anos do século 21, nosso mundo
estava sendo observado de perto por inteligências superiores que lançavam
olhares de cobiça sobre nosso planeta.
Os alienígenas de Spielberg,
assim como os do escritor, sugam sangue de humanos para se alimentar. O
resultado é uma paisagem surreal, devastada e pulverizada de sangue, ao
mesmo tempo grotesca e fascinante.
Ray não é nenhum super-herói que combate a
invasão, na verdade, mal chega a ser herói. Estivador nova-iorquino
divorciado, ele se distanciou de seu filho adolescente, Robbie e de sua
filha menor, Rachel (a precoce Dakota Fanning). Quando sua ex-mulher e o
atual marido dela deixam as crianças com ele para o fim de semana, fica
claro que nenhum dos dois gosta da idéia de passar tempo com o pai.
Mas a
família não chega a ter tempo para discutir, pois, logo depois ocorre um
vendaval tremendo, uma estranha tempestade elétrica. Raios se abatem sobre
um cruzamento no bairro proletário de Ray. Todos os humanos atingidos por
seus raios mortais se desintegram em moléculas.
Ray escapa, pega as crianças
e foge no único carro que parece estar funcionando. Sua única idéia é
levar os dois até sua ex-mulher, em Boston. Na realidade, ele não faz mais
do que tentar manter a calma, enquanto as crianças berram e se apavoram.
Ele precisa manter o sangue frio e canalizar todas as emoções e forças
conflitantes para a tarefa mais urgente que tem pela frente:
sobreviver.
Os três passam o filme
inteiro fugindo.
A tensão que o filme gera não
pára de subir, são quase 90 minutos até o espectador ter um vislumbre dos
alienígenas hostis. É só aí que percebemos que eles são sanguessugas.
O principal elemento
humanizador do filme é a dupla formada por Tom Cruise e Dakota Fanning.
Pai e filha procuram tranqüilizar um ao outro. Entre os dois nem sempre
fica claro quem é a criança e quem é o adulto, papéis constantemente
trocados entre Cruise e Fanning, num malabarismo de emoções tensas.
Ficha Técnica: Guerra dos
Mundos (War of the Worlds, EUA,
2005) Elenco: Tom Cruise, Dakota Fanning, Tim Robbins, Miranda
Otto. Roteiristas: H.G. Wells, Josh Friedman, David Koepp. Diretor:
Steven Spielberg. Gênero: Ficção Duração: 116 min Distribuidora:
UIP Produtoras: Paramount Pictures, DreamWorks SKG, Amblin
Entertainment, Cruise/Wagner Productions.
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